terça-feira, 31 de maio de 2011

Capítulo 3

Antes de qualquer coisa, precisava encher a dispensa. No primeiro momento, ia ficar em casa, sem sair de lá, apenas sobreviver, sem chamar muita atenção. Mapeei na cabeça todos os supermercados das imediações. O primeiro a ser visitado seria o que tem do lado de casa, atravessando a rua. Lá, comida, utensilhos para casa, para higiene, roupas e medicamentos seriam encontrados. Sabendo que os seguranças do mercado usavam armas e imaginando que foram vitimados pela praga, pensei que ter um 38 na cintura não seria de todo mal, afinal, trata-se de uma arma de fácil manuseio, com um coice não tão violento e cuja munição é fácil de achar em qualquer lugar. Mais para frente eu conseguiria armas melhores e mais eficazes no combate à praga, mas para começar, para um homem que nunca atirou na vida, um 38 está ótimo.

Lembrei, também, que na rua do lado de casa, no caminho para o mercado municipal, tinha uma delegacia de polícia. Talvez encontrasse munição por lá. Não que a polícia pessoense fosse bem armada, mas não custava nada tentar, mas isso eu veria apenas no outro dia. Por enquanto, munido apenas de um machado, eu encararia a travessia da rua, que estava cheia de carros parados.

Na rua tranqüila eu parei esperando para ver se eles não surgiam de algum lugar. Lembra das regras de Zombieland? Pois é. Cardio, preparo físico. Ainda bem que sempre pratiquei esportes e zumbis, por sua própria condição, aos poucos, vão ficando mais mal acabados, podres e lentos. Rigor mortis, eu te amo.  Nenhum zumbi a vista, atravessei a rua. Na mão, um machado. Era a única arma que eu tinha. Avenida dos Tabajaras, muitos carros parados, mas nada de engavetamentos, ou coisa parecida. Apenas um engarrafamento morto na avenida, vindo de Jaguaribe e descendo até a Lagoa Solon de Lucena. Tinha que tomar cuidado, pois entre os carros não tinha muito espaço e a dificuldade de mobilidade é uma das coisas que matam você em um apocalipse zumbi. Tinha que pensar, o tempo todo, em rotas de fuga, alternativas de caminho, tudo isso sem ser descoberto como ser vivo, pois queria continuar um bom tempo na minha casinha tranqüila, já que sair de João Pessoa era algo, ainda, fora de cogitação..

Por que?


      Pela experiência adquirida em anos sendo nerd e anos sendo pastor, sei que o apocalipse faz duas coisas com as pessoas: a primeira coisa é que as pessoas acabam afluindo para as capitais em busca de proteção do governo, fechando as vias de vinda à cidade. A segunda é fazer as pessoas descobrirem que cometeram um grande erro vindo às cidades, pois, mais pessoas, mais desmortos, e os vivos tentam fugir, fechando as rotas de saída das capitais. Então, esquece PB-008 e BR-230. Com certeza estarão fechadas, e até que eu consiga uma moto de qualidade, que exija pouca manutenção e que consuma pouco combustível, meu plano de ir morar em Tambaba está fora de cogitação.

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