Segui pela Ruy Carneiro até a praia, dando uma parada no supermercado que tem na avenida. Imaginei que aquela região era bem melhor para morar, selecionei alguns lugares possíveis e comecei a me preparar para uma possível migração do centro para ali, isso se voltasse a ver minha casa.. Encontraria uma casa grande, com muros altos, e grande quintal onde esperaria por sobreviventes. Aos poucos poderíamos ir limpando o bairro, fortalecendo nosso pequeno grupo, ampliando nosso alcance, renascendo enquanto sociedade. Me dei o direito de sonhar enquanto caminhava olhando aquelas casas grandes que tem na Ruy Carneiro, com seus muros altos.
Foi quando vi a estação de luz da Energisa. Muros de blocos de concreto altos, fornecimento de energia elétrica garantido, proteções naturais em volta, como o pântano que tem atrás, portões de aço grandes e pesados, espaço territorial, uma base preparada para que pessoas durmam nela, segurança a toda prova. Ali era perfeito, e ainda poderíamos manter a rede elétrica funcionando, de alguma forma. Não seria difícil enxergar um recomeço que partisse dali. Segui o caminho me prometendo voltar àquela base mais tarde, para um estudo mais aprimorado e cuidadoso.
Foi quando vi a estação de luz da Energisa. Muros de blocos de concreto altos, fornecimento de energia elétrica garantido, proteções naturais em volta, como o pântano que tem atrás, portões de aço grandes e pesados, espaço territorial, uma base preparada para que pessoas durmam nela, segurança a toda prova. Ali era perfeito, e ainda poderíamos manter a rede elétrica funcionando, de alguma forma. Não seria difícil enxergar um recomeço que partisse dali. Segui o caminho me prometendo voltar àquela base mais tarde, para um estudo mais aprimorado e cuidadoso.
No caminho para o shopping ainda encontrei muitos zumbis, com os quais evitei contatos. Pensei que veria ainda mais, mas parecia que a cidade tinha sido evacuada com eficiência pelo governo. Eu havia lido em um site que as grandes capitais haviam sido as primeiras cidades a serem esvaziadas. No caso de João Pessoa, toda a população viva tinha sido direcionada para o Almeidão. Imaginei que ainda estivessem lá, e que não seria de todo ruim ir para o estádio para ter com quem conversar. Depois pensei em escassez de comida, insanidade coletiva, falta de armas, insegurança. Pensando bem, queria passar o mais longe possível do Almeidão.
O estacionamento do shopping me parecia bastante calmo. Campo aberto, espaço grande entre os carros, não havia muitos deles na área para tentar me pegar. Joguei a bolsa por cima da cerca de metal e pulei. A dificuldade em executar esta tarefa me fez pensar que eu precisava de mais exercícios, e mais prática em escaladas e coisas do tipo. Zumbis não escalam paredes, mas eu poderia escalar. Lembrei de todas as técnicas de sobrevivência que não aprendi e todas as que aprendi. Em meu período como capelão das forças armadas passei por um curso de sobrevivência na selva que foi bastante pesado e denso. Sobreviver não é uma opção, e sim a única escolha. Bons tempos servindo em Porto Príncipe, capital do Haiti, quando os zumbis eram apenas uma lenda que os vudus locais contavam para assustar o povo.
Na verdade não eram bons tempos. Era um país que sofria com uma guerra civil pesada, passando por uma situação complicada. Auxiliar os soldados a ter fé nos momentos mais difíceis era meu papel. Voltei e, depois de alguns anos, a situação no país conseguiu ficar pior, com o terremoto. Ouvi alguns "evangélicos" falando sobre a justiça divina recaindo sobre o país, que o vudu estava sendo vingado pelas "mãos poderosas do Senhor". Fico pensando no quanto conseguíamos ser egoístas com nossas opiniões e nossa forma de ver o mundo. Quer dizer que só porque as pessoas não acreditam no mesmo que eu elas não têm direito a sobreviver? Precisam ser engolidas por um terremoto, ter seus lares destruídos e seus parentes ceifados eternamente? Não vivemos no mundo do antigo testamento. Aliás, já não vivemos sequer no mundo do novo depois do apocalipse.
Na verdade não eram bons tempos. Era um país que sofria com uma guerra civil pesada, passando por uma situação complicada. Auxiliar os soldados a ter fé nos momentos mais difíceis era meu papel. Voltei e, depois de alguns anos, a situação no país conseguiu ficar pior, com o terremoto. Ouvi alguns "evangélicos" falando sobre a justiça divina recaindo sobre o país, que o vudu estava sendo vingado pelas "mãos poderosas do Senhor". Fico pensando no quanto conseguíamos ser egoístas com nossas opiniões e nossa forma de ver o mundo. Quer dizer que só porque as pessoas não acreditam no mesmo que eu elas não têm direito a sobreviver? Precisam ser engolidas por um terremoto, ter seus lares destruídos e seus parentes ceifados eternamente? Não vivemos no mundo do antigo testamento. Aliás, já não vivemos sequer no mundo do novo depois do apocalipse.
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