Claudemir sentou-se ao meu lado, pôs a mão em volta do meu ombro e ficou em silêncio, me ouvindo chorar enquanto eu digeria tudo aquilo. Mais indigesto que o péssimo sanduíche que Janaína fizera, a verdade estava travada em minha garganta e eu a estava despejando de dentro de mim. Olhei para todos eles com desolação e sentimento de culpa.
_ Desculpem. Eu é que deveria estar consolando vocês. Afinal, o pastor sou eu, não é verdade?
_ Pastor, todos nós passamos por coisas demais nesses dias. Imagino que você tenha visto coisas que nunca viu antes e teve que fazer coisas que considera censuráveis, disse Claudemir.
_ Os tempos são outros, Pastor. Situações extremas exigem de nós medidas extremas, replicou Alberto.
Concordei com a cabeça, ainda que não concordasse muito com aquilo. No fundo, a frieza era apenas uma máscara para esconder toda a dor que eu estava sentindo, e naquele momento eu sentia a necessidade de colocar toda esta dor, este medo e esta insegurança para fora, mas me satisfiz tirando a dor. Não podia permitir que eles soubessem o quanto eu temia aquele mundo inóspito que estava me esperando lá fora.
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