Virando a esquina, o inferno diante de mim. No fim da rua vejo a lateral do mercado municipal de João Pessoa e o cheiro vem a mim em uma lufada. Vários deles estão espalhados pela rua, e é ali que vejo, pela primeira vez, os sinais da destruição que eles devem ter causado desde que vieram a existir. Carros destruídos, carcaças ainda sendo comidas por urubus e desmortos. Vários deles. Uns quinze ou vinte. Para quem só tinha visto a mulher e o filho zumbis e alguns outros esparsos a distância, indo em outra direção, a visão era dantesca. O inferno estava sobre a terra, e caminhava lento, em busca de miolos para comer.
Minha presença não foi notada a princípio. Andei devagar, tentando controlar as batidas do coração. Não sei se os ouvidos deles são sensíveis a isso, então, preferi não correr o risco. Manter a cabeça no lugar em uma hora como esta é o segredo da sobrevivência. O mundo não se conduz por regras pré-determinadas, e o caos zumbi prova isso. afinal, o mundo virou de cabeça para baixo. Darwinismo social levado às últimas conseqüências. E eu sempre soube que não eram as raças mais evoluídas que iam acabar sobrando, e sim as mais fortes, e zumbis são, por definição, o topo da cadeia alimentar.
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