quinta-feira, 30 de junho de 2011

Livro 2 - Capítulo 10

Desci até a avenida Getúlio Vargas. Carros por todos os lados. Na avenida que dá acesso à lagoa do parque Sólon de Lucena, carros batidos e zumbis por todos os lados. As casas, lojas e comércios tinham fachadas quebradas e destruídas. Andei devagar pela lateral do Lyceu Parahybano, subindo na direção de quem vai para a avenida Beira Rio. Desceria pela Epitácio Pessoa até a praia, e lá seguiria para o shopping. No caminho pensei em parar em uma loja esportiva que eu sabia que tinha para pegar o bendito bastão de beisebol de alumínio que eu queria, forte e leve, perfeito para matar zumbis.

Cheguei na Igreja Batista e as portas estavam fechadas. Conheci muita gente dali. Ver a igreja fechada, vazia, deixou-me triste. Nenhuma igreja merecia este destino. Me prometi visitar algumas igrejas da cidade para saber o que aconteceu com elas, especialmente as históricas, como a de São Bento e a de São Francisco, na parte antiga de João Pessoa. No momento, seguiria na direção da avenida Epitácio Pessoa. Uma caminhada de cerca de três ou quatro horas para chegar à praia e depois de mais cerca de meia hora para chegar ao shopping.

A caminhada seria longa e eu sabia que ia precisar tomar todo o cuidado que eu pudesse. Já havia notado que qualquer som chamava a atenção dos desmortos. Ver tantos deles espalhados pelas ruas era o maior sinal da catástrofe pela qual estávamos passando. olhei em volta, vendo os prédios altos e pensando nas famílias que deixaram de existir. crianças que deixaram de crescer, pessoas que não morreriam mais e que, no entanto, já estavam mortas. alguns dos zumbis me viam, mas estavam longe demais para tentar uma abordagem, e logo desistiam. outros que estivessem mais perto começavam a me seguir, mas meu ritmo mais rápido os fazia desistir logo e voltar a seu caminho normal. eles soltavam um som grutural, um gemido estranho, que vinha de dentro deles, do fundo mesmo. O som dos mortos que pedem piedade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário