segunda-feira, 27 de junho de 2011

Livro 2 - Capítulo 7

Aliás, eu já expliquei quais são as classes de zumbis que eu identifiquei? Para melhorar a minha qualidade de luta contra os zumbis, identifiquei suas classes e os dividi em quatro grupos, de acordo com o avanço de sua putrefação natural.

O primeiro grupo é dos corredores, zumbis recém renascidos, ávidos de carne, sangue e miolos. Eles ainda são moles, maleáveis, jovens. Correm para buscar suas presas. Por serem mais impetuosos, agem sozinhos. São grandes caçadores, com raciocínios básicos mais evoluídos que os grupos seguintes de zumbis. Eu chamo os corredores de snyderianos, por causa de Madrugada dos Mortos, a refilmagem que o Zack Snyder fez do clássico do Romero. Na sua refilmagem, os zumbis correm, e são ávidos por vivos. É assim que são os corredores. Esfaimados, rápidos, violentos, solitários. Guardam, ainda, o egoísmo de sua humanidade, pois não dividem a caça com outros zumbis, os expulsando de cima do corpo que está comendo.

O maior grupo é dos caminhantes, ou, como eu chamo, Romeristas. São os zumbis que mais lembram a face clássica dos zumbis. Caminham lentamente soltando um grunhido indecifrável, arrastando os membros. Os corredores se tornam romeristas depois de cerca de um mês de sobrevida. É quando o rigor mortis, a rigidez que os músculos e nervos vão tomando com a putrefação, começa a mandar no ritmo do corpo. Eles ficam lentos, por isso precisam andar em grupos. São quinze, vinte, até duzentos mortos-vivos em uma manada. Sozinhos, os romeristas são fáceis de controlar. Em grupos, no entanto, como este que me cerca enquanto eu lembro de tudo isso sem pressa, me dando a liberdade literária de descrever uma cena em câmera lenta, como esta. Metalinguagem das metalinguagens, assumir uma coisa dessas pode estragar o andamento da história, mas, voltemos aos tipos de zumbis.

Os romeristas “evoluem” para os errantes, que são os zumbis cujo estado de putrefação é já tão evoluído que os pedaços começam a cair, o rigor mortis é bastante avançado e a fome não é tão imperativa. Ao menos é o que parece. Eles ficam parados lá, sem se mover, soltando um gemido triste e vazio, de quem quer comer mas não consegue. Eles se movem, mas tão devagar que não oferecem risco nenhum a ninguém. Quando passava ao lado deles eu apenas cortava suas cabeças, acabando com seu sofrimento.

O último grupo é o dos sentados. Como não encontrei palavra melhor para defini-los, foi esta mesmo, pois é o que são. Eles ficam sentados, esperando que a comida venha até eles. Acho que, em vida, eram pessoas acomodadas, pois mesmo alguns romeristas, quando sem as pernas, ainda se arrastam em busca de comida. Os sentados são zumbis que aceitaram sua condição de desmortos e sentam esperando a fase de errantes chegar. Não se movem, mas, se um vivo se aproxima deles o bastante para que ataquem, eles vão atacar. São mais traiçoeiros, se fazendo de mortos, se escondendo em locais escuros, esperando por nós, como uma criança que esperava a bandeja de doces em uma festa infantil.

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