Preciso fazer um parêntesis nesta hora. Poucas coisas são tão sexyes quanto uma mulher segurando uma shotgun. Ainda mais quando ela sabe o que está fazendo. E esta era Renata, investigadora da Delegacia de Homicídios que eu conhecia do meu tempo de repórter policial. Pequena, cabelos pretos, compridos, sardas no rosto e um óculos de armação grande. Calça jeans surrada e jaqueta de couro já coberta de sangue. Com os tiros da 12 ela não matava todos os zumbis, mas os afastava e derrubava por tempo o bastante para respirarmos e pensarmos em uma estratégia.
Me levantei a tempo de ver os dois corredores que invadiam o recinto e saltavam na direção dela, que carregava a arma. Vi o terror nos olhos bonitos da menina policial. Foi o tempo de bater com o bastão de beisebol, de cima para baixo, derrubando o primeiro e no retorno, de baixo para cima, jogando o segundo para trás. Ela me olhou me recuperando do esforço. A troca de olhares foi curta, mas intensa o bastante para eu saber que o que eu sentira por ela na minha época de jovem repórter em João Pessoa podia ter sido recíproco. Mas surgiu Lenora no caminho, e eu acabei deixando aquele possível investimento de lado.
A contagem de corpos foi alta. Trinta e cinco desmortos caídos. Batemos na porta atrás da qual estava Lúcio. A situação já estava sob controle.
Exceto dentro da sala onde o jovem estava segurando sua mão que pingava sangue. Ele havia sido mordido.
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