Patrícia era outra depois do evento na loja de departamentos. Coberta de sangue, a menina batia com violência nos desmortos, sem medo, apenas nojo, esgar e agressividade. Claudemir olhou para ela e olhou para mim sorrindo. O que acontecera nos provadores a transformara de adolescente quase inútil em sobrevivente determinada.
Situações extremas nos ensinam a crescer. Ser cercado por zumbis sem ver chance de sobreviver a fez entender o que realmente tinha valor na nova ordem mundial. O hype era estar vivo e, como modista que era, ela faria de tudo para estar por dentro da nova onda.
Janaína ia monitorando os sinais do seu Marcos enquanto o carregávamos pelos corredores do shopping até a porta de saída nos corredores traseiros. Com a escada estreita que tínhamos lá, fiquei me perguntando como conseguiríamos carregar a maca com velocidade e eficiência. Não havia como, mas eu não queria lidar com esse problema até chegarmos lá. Bastava um perímetro bem montado à frente e atrás da maca para conseguirmos vencer o desafio dos três lances de escada.
Foi quando chegamos na porta que vimos que a situação era uma verdadeira calamidade. Os zumbis subiam pelo acesso. Nossa rota de fuga estava coberta de desmortos e nós ficávamos mais fechados a cada passo, a cada tentativa de avanço. Os desmortos haviam nos trancado em uma armadilha. Era madrugada e eu não via como poderíamos sobreviver.
Largamos a maca de Marcos no chão, pegamos as armas e partimos para cima. O perímetro tinha que ser estabelecido. Não tínhamos tempo a perder e nossas vidas estavam em jogo. Patrícia acompanhava Renata de um lado enquanto eu, Marcos e Angélica atacávamos do outro. Ao lado da maca estavam Janaína, monitorando o velho, Claudemir, rechaçando os zumbis que invadiam o nosso espaço e Alberto o ajudava pelo flanco. Não tínhamos uma estratégia. Eu não havia pensado em nada. Aquela situação era totalmente nova e imprevisível. Eu queria apenas que saíssemos de lá, que encontrássemos uma rota de fuga. Eu tinha medo, mas precisava me conter. Como diria Renata, eu não podia mostrar meu medo para eles.
Puxei o facão e cortei a cabeça de uma moça de pouco mais de vinte anos. a cabeça dela rolou até os pés de um velho que vinha se aproximando de onde estava Verônica...
Puxei o facão e cortei a cabeça de uma moça de pouco mais de vinte anos. a cabeça dela rolou até os pés de um velho que vinha se aproximando de onde estava Verônica...
Espere... Onde estava Verônica?
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