sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Livro 3 - Capítulo 27 - Final

Ela pisou em uma poça de sangue que estava em um degrau e rolou até lá em baixo. Caiu aos pés de dois desmortos e havia deslocado a bacia. Ela gritava de dor, mas a minha preocupação ainda era outra.

Ela ainda estava muito longe de nós para que a tirássemos de lá. Marcos ficou desesperado e pulou entre os zumbis. Afastava-os com as mãos nuas, até um deles lhe arrancar um dedo indicador. Ele gritou, mas não parou. Os dois zumbis se abaixavam para alcançar a pele de Angélica quando ele chegou, jogando-os ambos para longe e pegando sua esposa no colo. Peguei Marcos pelo braço e arranquei meu cinto.

_ O que você está fazendo?

_ Você sabe o que estou fazendo.

Fiz um torniquete pouco acima do cotovelo dele e segurei o braço

_ Claudemir, me ajuda aqui.

Ele segurou Marcos, que gritava implorando para eu não fazer aquilo.

_ Você quer viver?

Ele olhou calado para mim.

_ Isso vai doer. Muito.

Baixei o facão com toda a força que eu tinha.

Ouvi o som rígido de metal quebrando osso e puxei. Baixei a segunda vez e Marcos não gritava mais. Em choque, desfaleceu no colo de Claudemir. Ainda bati seco mais duas vezes antes de conseguir arrancar o braço, que caiu, escorregando pela escada, espalhando sangue para todos os lados. Eu, respingado de sangue vivo, continuei avançando contra zumbis. Afastei Angélica dos desmortos que estavam caídos tentando come-la e cravei o facão na cabeça de um enquanto atirava no crânio do outro.

Angélica gritava e foi tentar segurar o marido. O sangue escorria do braço dele enquanto os desmortos não paravam de surgir. Eu continuei cortando cabeças até chegar à porta de saída que dava no estacionamento do shopping, do lado da BR. Alberto vinha comigo, matando zumbis na medida do possível. No estacionamento, o horizonte era coberto por desmortos. Não via nada além de cabeças de pessoas que um dia haviam vivido. A noite já assumia aquela tonalidade arroxeada de quando amanhece. A madrugada dos mortos começava a dar lugar à manhã dos vivos. 

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