segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Livro 4 - Capítulo 5


Reuni todo o grupo no patamar entre os andares.

_ Vamos separar dois grupos. Um grupo será liderado por mim. O outro, por Claudemir. O primeiro grupo vai sair ao meio dia. Precisamos que seja um grupo leve, mais rápido que o segundo, pois vai chamar a atenção dos desmortos lá fora enquanto tiramos a maca do seu Marcos daqui de dentro. Eu vou liderar este grupo, que vai com Marcos, Patrícia, eu, e Angélica. Claudemir, você e o Alberto carregam a maca do seu Marcos enquanto a Renata e a Janaína dão cobertura para sua saída. Assim que deixar o grupo um em segurança, eu sigo o caminho de volta para complementar a defesa de vocês. Vamos sair daqui mais ou menos meio dia. Não podemos esperar mais do que isso. Não posso permitir o risco de termos mais uma noite aqui. E eu não sei até quando estas portas aguentam.

Claudemir pediu a palavra.

_ Não vamos desperdiçar balas, ok? Tiros só funcionam na cabeça, ou, quando é uma espingarda, como a da Renata, para afastá-los. Então, dêem preferência para usar os bastões, os facões e as armas de combate corpo a corpo. Eu e o Ernesto vamos lá fora dar uma limpada no terreno. O que acha, Ernesto?

_ Vai ser um passeio no parque.

Eu e Claudemir vestimos os coletes a prova de balas e fomos para a porta de baixo. Dos duzentos zumbis que estavam lá fora restaram apenas vinte, bastante dispersos, espalhados pelo estacionamento. Os outros já haviam entrado no shopping pelas portas da frente. Nos preparamos e saímos. Os primeiros foram fáceis. Sem muito desgaste, conseguimos matar uns seis que estavam mais próximos. Renata se juntou a nós na matança e logo conseguimos eliminar mais uma grande quantidade deles. Já era quase meio dia e o primeiro grupo tinha que sair.

Matar zumbis não era um desafio grande, quando estavam isolados uns dos outros. Sozinho, um zumbi não oferece grande risco. Lento, motivado pela fome, um zumbi sozinho pode ser morto com certa facilidade. Claro que, para toda regra, existe uma exceção, e neste caso a exceção são os corredores. A força, agilidade e resistência de cada zumbi é determinada pela pessoa que ele foi em vida. Se o cara era lutador de jiu-jitsu, o zumbi em que se transformou será forte. Se era uma senhora de idade, será fraco.

A ideia de lentidão que os caminhantes passam será facilmente contrariada quando você encontra uma manada pela frente. Ao que parece, quando em grupo, esta peste é mais motivada do que sozinha, como se a força da coletividade fizesse diferença nesta hora. O slogan funciona com eles, e desmortos unidos jamais serão vencidos.

Descobri que só há duas maneiras de mata-los: acabar com o cérebro, especialmente com a parte central dele, o que seria o cerebelo, que controla as funções motoras mais básicas. Se isto é um vírus, ou algo assim, é ali que se concentra. A outra forma é queimando, até que o cérebro torre de dentro para fora. Eles não param de andar porque atiramos em suas pernas, e quando acertamos na espinha, eles podem parar, mas não morrem, e suas cabeças, com suas mandíbulas funcionais, ainda oferecem risco de vida para quem passar por perto.

Engraçado como Sun Tzu sempre esteve certo sobre a questão de conhecer o inimigo para poder vence-lo. A guerra foi perdida por que ninguém sabia exatamente o que estava enfrentando. Quando se descobriu, e se entendeu quem eram estes seres, ficou muito mais fácil derruba-los. Eles ainda eram perigosos, mas já poderiam ser derrotados.

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