quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Livro 4 - Capítulo 3


Olhei para os outros. Eles estavam tensos, cada um ocupado com algo diferente. Era marcante e emblemático o medo em seus rostos. Claudemir segurava o corpo de Marcos, que tremia em choque enquanto Janaína tentava suturar o seu braço. Alberto mexia em sua arma, vendo se estava carregada e funcional. Patrícia chorava calada enquanto Renata consolava Angélica, que também chorava olhando para Marcos, jogado, cheio de espasmos e cercado de sangue.

Além do medo, havia em seus rostos uma expressão de desesperança. As coisas não estavam bem para nosso pequeno grupo. Não havia muitas possibilidades de sairmos dali. Não tão cedo. A porta de cima, ainda que bem protegida, não suportaria por muito mais tempo, enquanto o caminho por baixo ainda estava cheio de desmortos.

Uma pequena luz começou a surgir quando os desmortos da porta de baixo começaram a desaparecer. Aos poucos a multidão foi dando lugar a grupos esparsos, e os grupos esparsos foram se dispersando ainda mais.

_ É só a gente ficar quietinho aqui, sem fazer barulho nem nada. Daqui há pouco eles desaparecem, eu disse.

_ A gente vai precisar monitorar o caminho por outro lugar. Alguém vai ter que reconhecer o cenário, analisou Renata.

_ Não podemos sair daqui com duas pessoas desacordadas. O Marcos vai ter que andar, ou o outro vai ter que sair do coma. Acho que isso não vai acontecer, disse Claudemir.

Ainda olhando pela janela, respondi.

_ Vamos ter que nos dividir em dois grupos. Cada um dos grupos fica com um dos feridos e a gente sai cada grupo em um momento. Nos encontramos no ponto um, no prédio da Renata. São apenas quatro quarteirões. Tem que dar certo.

_ Não sei. De repente, dentro do shopping tem quase mil zumbis. Aqui fora, mais uns duzentos. Quantos não devem ter conseguido sair de onde estavam? E porque acabaram confluindo para cá?

Lembrei do tiroteio na delegacia. Com certeza aquilo os havia atraído para o shopping.

_ Eles funcionam como uma manada, Claudemir. Quando ouvem um som, encontram a possibilidade de comer e acabam indo na direção deste som. Os outros, que não ouviram, quando vêem o grupo se dirigindo naquela direção, acabam indo junto. É assim que surge uma manada. Um grupo de quatro zumbis pode acabar virando um exército de duzentos, trezentos, ou até mil, como o grupo que estamos encarando agora.

_ Como você sabe tanto, Ernesto?

_ Sempre gostei de filmes de zumbis. Só nunca imaginei que eles seriam o grande motivo do apocalipse.

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