Eu e Renata íamos na frente enquanto Janaína e Claudemir
iam no meio, com o segurança consolando a enfermeira e Alberto fechava o grupo
com uma carabina. Renata quebrou o silêncio.
_ Como está o outro Marcos?
_ Bem. Quando os deixei no seu apartamento ele estava
caminhando. Cambaleante, mas consciente e seu sangue ainda cheirava a metal
velho, como o sangue de um ser vivo.
_ E você? Como está?
_ Você está perguntando por causa daquela explosão lá
atrás? Eu precisava daquilo. Precisava sentir que fazia isso por outras razões
além de apenas sobreviver. Nem que fossem os motivos mais torpes, como vingança
ou saciar uma sede de sangue, eu preciso de mais do que “sobreviver”. Só isso
não será o bastante para mim.
_ Mais do que sobreviver... Sim, precisamos disso. Você
acredita que poderemos construir algo a longo prazo na estação?
_ Acredito que sim. Podemos começar devagar, limpar as ruas
em volta, cercar o lugar, aumentar a segurança. Entrar nos prédios em volta e
limpa-los, para podermos viver neles. Já notou como os muros naqueles prédios
são altos? O medo de bandidos foi a melhor arma que os arquitetos nos deixaram
para nos proteger. Acredito que em um ano conseguiremos limpar uma área de dez
ou doze quarteirões, cercando tudo para que eles não invadam.
_ Você faz planos para o futuro. Mas e o presente? Como
será que faremos para sobreviver?
_ Nós lutamos, Renata. Nós podemos ter perdido a guerra
contra os zumbis, mas não vou aceitar perder a batalha contra o desânimo e a
desistência. Nós vamos viver. Custe o que custar, nós vamos viver.
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