O relógio de Claudemir marcava dez horas da manhã. Marcos
não dava sinais de melhora. A febre continuava alta e ele não acordava. Ainda
não tínhamos contado o plano para os outros quando Patrícia chegou perto de nós.
_ Precisamos sair daqui. Quero saber se vocês já têm uma
ideia.
_ Temos sim. Queremos dividir o grupo em dois e sair
separados.
_ Parece uma boa ideia. Um ferido em cada grupo?
_ Isso.
_ Não esqueçam de deixar os saudáveis bem divididos.
Teremos mais chances se você e Claudemir chefiarem os dois grupos. Podem contar
comigo para o que precisarem.
_ Sabemos que podemos, Patrícia. Eu posso falar com você em
particular um minuto?
Ela fez que sim com a cabeça e subimos para o último andar
da escada.
_ O que aconteceu dentro daquele provador?
_ Eu vi uma coisa. Uma coisa que eu não queria ver. Que eu
já sabia, mas não queria acreditar.
_ O que foi.
_ Eu vi alguém que eu conhecia transformado em zumbi. Eu vi
o André, meu namorado.
Fiquei em silêncio. Não estava sendo fácil para ela contar
aquilo.
_ Eu sabia que as pessoas que eu conhecia tinham sido
transformadas, mas ainda tinha esperança que ele estivesse em algum lugar me
esperando, com um grupo de sobreviventes, assim como nós, sabe? Mas não. Ele
foi mordido e o que é pior... a forma como eu o vi... era deprimente, sabe? A
gente estava meio que separado, então, meio que em crise. De repente, quando
vejo no provador o primeiro zumbi que queria me morder era exatamente ele. O
André não podia ter morrido, não podia.
Ela começou a chorar. Aquela situação a estava
transformando. Patrícia sairia daquilo de outra forma. Uma forma totalmente
diferente da com a qual entrou.
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